O LEGISLADOR E O INTÉRPRETE: A REALIZAÇÃO JUSTA DO DIREITO E O ESPAÇO DA MORAL NO DISCURSO POLÍTICO-JURÍDICO

Português

Autores

  • Tiago Neu Jardim Procuradoria-Geral do Município de Horizontina/RS

Palavras-chave:

Moral, Justiça, Razão, Discurso, Política, Direito

Resumo

A atual crise de efetividade do direito tem demonstrado que não é possível pretender a sua realização justa sem o comprometimento moral resultante de um procedimentalismo democrático pautado na intersubjetividade dos discursos de fundamentação e aplicação. O presente artigo buscará trazer evidências de que a abertura de um espaço destinado à moral na relação entre o legislador e o intérprete é imprescindível para resgatar a legitimidade do direito, demonstrando que, tanto as teorias da justiça como subproduto da política quanto àquelas levadas a efeito pelo constitucionalismo contemporâneo não deram conta de solucionar os problemas pertinentes a sua validade, o que acabou resultando na volatilização da sua força normativa. No embate entre a política e o direito, as possibilidades de consolidação de uma legitimação democrática têm cada vez mais se afastado do mundo da vida materializado em uma consciência moral coletiva. A partir daí, uma tentativa de diálogo entre diferentes perspectivas como as de Klaus Günther e Jürgen Habermas torna-se cada vez mais relevante e necessária na busca de uma concepção que melhor se coadune com as possibilidades de superação dessa crise, principalmente por meio da interpenetração de juízos axiológicos que devem permear o discurso político-jurídico como forma de produção e reprodução da justiça a partir do direito.

Referências

BUCCI, Maria Paula Dallari. Políticas Públicas: Reflexões sobre o Conceito Jurídico. Org. São Paulo: Saraiva, 2006.

GÜNTHER, Klaus. Teoria da Argumentação no Direito e na Moral – Justificação e Aplicação. Tradução de Cláudio Molz. Rio de Janeiro: Forense, 2011. 2ªed.

HABERMAS, Jürgen. Consciência Moral e Agir Comunicativo. Rio de Janeiro. Tempo Brasileiro, 2013.

________. Teoria do Agir Comunicativo: sobre a crítica da razão funcionalista. Tradução de Flávio Beno Siebeneichler. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2012.

________. Teoria do Agir Comunicativo: racionalidade da ação e racionalidade social. Tradução de Paulo Astor Soethe. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2012.

________. Mudança Estrutural da Esfera Pública: investigações sobre uma categoria da sociedade burguesa. Tradução de Denilson Luís Werle. São Paulo: Editora Unesp, 2014. 1ªed.

________. Direito e Democracia: entre facticidade e validade. Tradução de Flávio Beno Siebeneichler. Rio de Janeiro: Temo Brasileiro, 2003. Vol. I. 2ªed.

HÖFFE, Otfried. Justiça política. Tradução de Ernildo Stein. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2005. 3ªed.

LUHMANN, Niklas. El Derecho de La Sociedad. México: Universidade Iberoamericana, 2002.

RALWS, John. Uma Teoria da Justiça. São Paulo: Martins Fontes, 2008. 3ªed.

_________. Liberalismo Político. São Paulo: Martins Fontes, 2011.

Publicado

2022-03-03

Edição

Seção

Artigos