O fenômeno das fake news em Byung-Chul Han:

uma releitura de Carl Schmitt

Resumo

A controvertida teoria política de Carl Schmitt marcou o século XX, com conceitos como unidade política, inimizade e soberania. Contudo, é inegável que o contexto de produção intelectual de Schmitt foi alterado, com o advento da sociedade neoliberal, das novas tecnologias e das mídias digitais. Passamos de uma sociedade disciplinar para a sociedade do cansaço, amplamente analisada pelo filósofo sul-coreano Byung-Chul Han. O tema insere-se no contexto político nacional e internacional de interferência das mídias sociais no processo político. Destarte, faz-se necessário questionar a atualidade das bases teóricas schmittianas, em uma conjuntura marcada pelo fenômeno dos shitstorms de fake news. Assim, verifica-se a atualização do conceito de soberania política de Schmitt, proposta por Han, bem como determinados predicados da obra schmittiana: binômio amizade-inimizade, unidade política e decisionismo. De igual forma, analisa-se as origens das fake news e porque elas são influentes no processo político, conforme a obra de Han, bem como os impactos à estabilidade da unidade política causados por essa influência, nos termos de Schmitt. A metodologia utilizada na pesquisa é a hipotético-dedutiva, por meio da pesquisa bibliográfica das obras de Schmitt e de Han, e de artigos que analisaram os conceitos forjados pelo jurista alemão. Tem-se como hipótese: a teoria schmittiana antecipa problemáticas contemporâneas, no que tange à dificuldade de formar uma unidade capaz de tomar decisões políticas efetivas. A releitura da obra schmittiana, proposta por Han, demonstra, contudo, uma insuficiência para a interpretação de determinados fenômenos relativos às mídias sociais e às novas formas de violência. Assim, tem-se como principal hipótese, a ser confirmada ou não, que o conceito de soberania schmittiano deve ser atualizado às questões do século XXI, por ser incapaz de explicar os shitstorms de fake news.